terça-feira, 1 de outubro de 2019

Fortitchu

Prestes a seguir para a minha quadragésima segunda primavera, mais uma vez tropeço em uns pensamentos. Parece bem comum que a gente se sinta instigado a dar umas pensadas na vida nesses momentos... talvez seja inescapável fazer auto-avaliação ou crítica/análise da “vida que passa rápido demais”. Pela expectativa média de vida, já passou da metade.
Nessa metade, a melhor coisa que fiz foi ser pai. Definitivamente! Cada momento que o Felipe passa comigo enche a minha vida de sentido. Cada noite que ele, ao deitar, me dá boa noite e faz carinho no meu rosto me olhando bem nos olhos, ele ainda não pode imaginar a onda de sentimentos que ele gera. Na boa, com frequência eu choro depois que ele dorme. Penso na mãe, que me fazia carinho nas costas pra eu dormir, ou quando eu estava chateado e magoado com alguma coisa, até depois de ‘grande’. Será que as mesmas coisas passavam na cabeça dela, enquanto vivenciava aquilo? Da nossa vida logo ter um fim... é logo ali.
Fico perdido numa espiral entre vida e morte. Entre avaliar as coisas que fazem sentido pra nossa vida e as coisas que nos fazem perder esse sentido. A vida, por si só, é um acidente cósmico muito interessante. Uma força de perpetuação - esse conjunto de códigos genéticos que faz uma semente explodir buscando sol e água e espalhar suas próprias sementes depois - que resumia a humanidade umas centenas de milhares de anos atrás; e já ultrapassamos a simples busca da perpetuação dos nossos códigos.
Nem penso em fazer a crítica do obscurantismo que vivemos hoje. Só acho muito triste as pessoas guiarem suas vidas como se o norte delas fosse o cifrão. Minha vida pouco ou nada tem a ver com dinheiro – entendo o fato de viver no capitalismo selvagem, mas não me interpretem mal, isso definitivamente não tem a ver com a vida. Nem capitalismo, nem socialismo, nem o que veio antes, nem o que vem depois. A vida é maior do que nós mesmos e nossas criações, mas é uma pena que dure tão pouco para cada um de nós. E, como todo bom ateu, friso que minha vida não existia antes do meu conjunto orgânico e não vai existir depois que ele perecer.
De resto, admito minha pouca disciplina acadêmica e meu parco interesse na militância, mesmo que entenda a importância de ambas disciplinas na sociedade atual. Ah, e é preciso dizer que tanto uma coisa quanto outra pode fazer força para as duas direções (esquerda e direita). Os verbos militar e estudar não trazem consigo automaticamente a busca de coisas boas – como costumo dizer entre os meus, hoje é possível escrever sobre qualquer coisa, baseado em um grande número de referências, assim como é possível lutar para retirada de direitos, etc.
Sob esse prisma caótico – da confusão e ruídos mentais intermináveis, das incertezas, frustrações, depressões, amores, alegrias e do multiverso absurdo da subjetividade – digo a muitos dos meus queridos que estão lendo isso: amo vocês! Rumo a mais uma primavera e inspirações para outros textos gigantes que não concluem nada. Beijocas!

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