segunda-feira, 21 de agosto de 2017
Em descontrução 2
Minha
mãe começou a destruir isso tudo quando se separou dele pela segunda
vez. Eu estava no início da adolescência e eu demorei muito (muito
mesmo!) pra entender que destruir esse obelisco era o maior trabalho da
minha vida. Ainda é. Especialmente agora minha covardia ecoa de forma
diferente, porque meu filho está começando a me observar.
Em desconstrução
Eu não sou um cara corajoso.
Na verdade o contrário.
Fui forjado um covarde.
Na verdade o contrário.
Fui forjado um covarde.
Hoje converso com meu pai sobre as amenidades do mundo, de preferência
bebendo e escutando música em volta de uma churrasqueira. Meu pai não me queria um covarde. Não! Ele queria que eu fosse corajoso, que levantasse a cabeça e enfrentasse as coisas do mundo. Ele falou várias coisas importantes, que eu noto que se perpetuam nesse tempo, sobre como o mundo funcionava sob a visão dele. Falou pouco...
...fez bastante. Bateu bastante. Desde muito pequeno, eu apanhei do meu pai. Não era pouca coisa, era todo dia. Não era palmadinha. Eram números certos de cintadas; que ele definia dependendo do próprio humor - podia ser três (barbada, né), podia ser dez ou mais - eu era obrigado a contar, se eu perdesse a conta, iniciava de novo. O castigo físico não era só esse, mas não vale a pena descrever. O que interessa é que esse foi o legado do pai para o filho.
É assim que as coisas funcionam.
Recebe a frustração do mundo...
...e despeja em casa.
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