segunda-feira, 21 de agosto de 2017

Em descontrução 2

Minha mãe começou a destruir isso tudo quando se separou dele pela segunda vez. Eu estava no início da adolescência e eu demorei muito (muito mesmo!) pra entender que destruir esse obelisco era o maior trabalho da minha vida. Ainda é. Especialmente agora minha covardia ecoa de forma diferente, porque meu filho está começando a me observar.

Em desconstrução

Eu não sou um cara corajoso.
Na verdade o contrário.
Fui forjado um covarde.

Hoje converso com meu pai sobre as amenidades do mundo, de preferência bebendo e escutando música em volta de uma churrasqueira. Meu pai não me queria um covarde. Não! Ele queria que eu fosse corajoso, que levantasse a cabeça e enfrentasse as coisas do mundo. Ele falou várias coisas importantes, que eu noto que se perpetuam nesse tempo, sobre como o mundo funcionava sob a visão dele. Falou pouco...
...fez bastante. Bateu bastante. Desde muito pequeno, eu apanhei do meu pai. Não era pouca coisa, era todo dia. Não era palmadinha. Eram números certos de cintadas; que ele definia dependendo do próprio humor - podia ser três (barbada, né), podia ser dez ou mais -  eu era obrigado a contar, se eu perdesse a conta, iniciava de novo. O castigo físico não era só esse, mas não vale a pena descrever. O que interessa é que esse foi o legado do pai para o filho.

É assim que as coisas funcionam.
Recebe a frustração do mundo...
...e despeja em casa.

sábado, 7 de março de 2015

retroneurose


digeri alguns pensamentos durante essas últimas três ou quatro horas... alguns... outros são indigestos.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

fui espremer um cravo¹ e caí na real. aperto, com certa periodicidade, esse mesmo cravo, há uns 20 anos!
decolei. fiz do cravo uma anciã burguesa que come, caga, incha e de vez em quando faz uma lipoaspiração.
resolvi apertar aquele treco. apertei afu aquela porra (com muita técnica, friso) e não adiantou.
todo o sebo saiu perfeitamente, mas o filho da puta do cravo não saiu. continuou lá. cravado!!! maldito ácaro¹!!!!
era uma velha! burguesa e vadia! o tempo passou, todo o resto foi embora e a senhora ficou lá... enraizada no invólucro do bom senso.
bah! invólucro do bom senso... tenho que parar com essas drogas.


sem cara, dando tchau, resumidamente,
Odiê Iessa.

¹ conhece o demodex?

terça-feira, 26 de março de 2013

de trombones e coisas comuns

mais um comentário sobre o funk setentista e progressivos noventistas, ou quase isso, ou quase ecletismo, ou quase popular e tal, coisa rasa, para falar a verdade.
coloquei a tocar uma pasta de sons que não estavam identificados e tem tocado de Tool à Billy Cobham. "afudê, né", pensei, considerando que normalmente não são Estilos que se ouvem em uma mesma lista de reprodução.
os primeiros álbuns do Tool são realmente muito bons (ninguém precisava ler isso, nem isso) e tem muita coisa boa que rolava nesse submundo. pelo que vejo, acho normal as bandas que se mantêm criando e escursionando e tal, diminuirem o ritmo, no que diz respeito ao peso do treco mesmo. assim é com Tool e com outras tantas. [certeza que há muitas bandas que são afudê em toda a carreira. sem citações]
o bom mesmo é transitar pelos estilos, colhendo composições, criatividade, um pouco de loucura e drogas demais. nem preciso escrever que a maioria dos grandes artistas ou se drogava demais ou era louco de cara. bah... e tem maluco nesse meio. e como eles nos atingem! pra quem gosta de entrar na onda dos caras (to falando de escutar o som, não de... né), viajar em cada um dos instrumentos, é bom transitar por montes de tipos diferentes de música.
assim é com o jogo de sopros e percussões e o diálogo entre os instrumentos do funk da década de setenta. é afudêêêê, cara! um ritmo muito forte, com muitos elementos, cada um bem trabalhado ou muito bem improvisado. tem quem não goste. assim também é com o jazz... mas isso é outra história. inclusive, tanto Tool quanto, obviamente, Billy Cobham, flertam com o jazz. ahan... ahan...

uma observação que não deveria ser escrita: 
ontem passou por mim um cd de sertanejo universitário (ganhei de um camarada que já trabalhou com a banda), na mesma hora pensei em presentear uma amiga com o cd, mas me dei o trabalho de escutar antes. sério, os caras são tecnicamente muito competentes e tal, mas que coisa! parece que eu já tinha ouvido aquilo antes!! impressionante.

enchendo a pança com rango bom e só matando a fome com rango azedo,
Souto, Douvidos.

domingo, 10 de março de 2013

Relatos Anaeróbicos - 02

é como se o abismo fosse mais do que ele mesmo, como se fosse um buraco negro, me puxando.
cada passo dói, a boca seca em uma noite cheia de bebida, meus mecanismos de defesa criam um blues bem blues na tentativa de me transportar para o conforto e resignação...

terça-feira, 27 de novembro de 2012

um sentido para o natal

àqueles que ignoram a realidade e/ou não sabem fazer as ligações certas:
me deparei com essa charge e lembrei de vocês (é, vocês que reproduzem modelos de sucesso, modelos administrativos, políticos, modelos de "estilo de vida", de consumo, etc.).
não adianta reproduzirem frases politicamente corretas, não adianta separar o lixo, não adianta vacinar o cachorro (ou mesmo trocar seu cachorro por uma criança pobre), não adianta merda alguma se vocês continuarem reproduzindo a lógica do capital/burocracia/liberalismo. E VOCÊS O FAZEM!! é isso (e mais um tanto) que continua conduzindo o mundo para o absurdo.
portanto, concluo com um apelo: ignorantes, sensibilizem-se!

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

sentei para escrever um mail enquanto dormia

[como há tempos não publico nada, resolvi publicar coisa muito, mas muuuuito, velha]


flutuar pelo quarto numa procura estranha... é sonho?
nao. quebrei esses tabus há algum tempo.
essa noite eu senti um gosto de bunda quando beijei o teto.
a lâmpada era fálica por demais, para eu me afeiçoar.
cuidadosamente desatarrachei-a do cachimbo. cachimbos já me interessam.
fumei aquela bunda. duriiiiinha que era. e dava choque tambem.
comecei a sangrar. e ficou tudo fora de controle.
eu girava como uma roda d'agua. jogando porra e sangue pra todos os lados.
o colchao, lááá embaixo, começou a parecer grama. o quarto floreceu.
é tudo animado. converso com a escada que pode me levar para os meus ossos.
ela tá com problemas e diz sentir falta de um motor. algo que ajude as pessoas a caminhar sobre ela.
era só ficar sem tocar o chao. flutuando. flutuando. animado. vivo. alucinado.
uuuuuuuuU oooooOoooOOO iiiIiiiIIIIIoooooOOooouuuUUuuUUOOoooOOOoo
ahhhhhhhh
ahhhhhh
gostoso. frio na espinha. tentar se segurar em qualquer coisa para nao sair pela janela.
o ar puro me quer.
"eu to indo! eu to indo!"
meus mamilos arrepiaram.


[...]

claro que houve pequena alteração
não consegui publicar coisa velha sem antes passar uma maquiagem

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Relatos Anaeróbicos - 01

insistência:

"a mente embebida em mulheres, fumaça, música, cansaço...
a coisa se repete. o mundo gira e volta e é aí que eu vomito."

- de um tipo, depois da noite de trabalho.

sábado, 17 de dezembro de 2011

antologia chiclete com banana

adoro meus amigos nerds. cada um, ao seu jeito, me impressiona de uma ou da mesma ou de várias formas. meus nerds amados não são, necessariamente, nerds da computação, são da comunicação, da cultura pop e da contracultura, da política e das ciências como um todo, filosofia e arte, etc e tal. saca?

acabei de colocar o álbum burn, do deep purple. me empolguei. dei uns tapas, larguei de lado e conecei a escorregar os dedos por aqui sentindo a boa vibração de estar ligado às pessoas que gosto, ao meu jeito, de algum jeito. acabei aqui, depois que tentei umas mesas de poker e notei que to sem sorte até para conseguir lugar.

sem enrolar. um desses meus grandes amigos (mesmo que eles não saibam disso e mesmo que eles não existam realmente) me emprestou a caixa da antologia chiclete com banana. fantástico, fundamental, verdadeiro hormônio do crescimento. eu lia essas coisas e nem tinha pentelho. nem um!! reler coisas dessas é ótimo. é ligar muitos pontos das coisas que aconteciam naqueles tempos. por tudo, por querer entender o que se passa à minha volta, pelos estudos, por outras releituras, por muitas leituras, etc.

olha, se a idéia era encher linguiça eu continuaria rasgando os olhos, mas a idéia não é essa. então dá um jeito de ler esse negócio. independentemente da mídia.
se quiseres o link, aí vai de um blog que disponibiliza umas coisas:

acho que já tive o bastante desse blog, saturado,
otem podirá

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

me diz mais

guria safada correndo pelada
aí o nego fica tipo aqualung, torcendo para achar um banco de praça (pernas doendo, jogado às traças e tal e coisa, se sentindo sozinho) para ver a coisa toda sentado confortavelmente
haiti, suíça, camboja, islândia
os saltos são grandes, como os olhos da fome
e os barrocos e os rococós?
continuam gritando suas agonias e futilidades?
não. a agonia passou... a dor também... e a guria já virou uma velha que foi pra casa dormir de pijama.
de qualquer forma, não é o conteúdo que interessa? chegar e sair com pressa...
...não to com nada. to escutando mundo livre pensando outras coisas, cansado pra caralho.
a cabeça balança com o groove dos caras, mas parece que é de sono; santíssimo sono que não me derruba.
o que me derruba é aquela piscada de olho... safadíssima piscada!

domingo, 16 de outubro de 2011

alguma coisa...
fiz o trabalho todo, tomei uma lata de cerveja, olhei para frente, vi a mata nativa e não resisti à tentação. subi o morro e sumi no mato.
lá, encontrei o outro eu que perdi esses dias. ela (eu), a verdade, me recebeu com um machado na mão.
- e aí, magrelo, cadê?
eu não ia responder. sabia que qualquer coisa que eu dissesse seria mentira.
ela (eu) era a minha verdade e não estava mais dentro de mim. ela (eu) sabia das coisas e eu não.
já que ela (eu) não era mais eu, não hesitou em sacudir o machado no ar, antes de abrir-me o esterno.
fiquei deitado no chão esperando que ela (eu) fosse embora, com a verdade, com tudo, mas ela (eu) chegou perto.
o rosto perto do meu. olhava para mim e para meu peito aberto... parece que não achou o que procurava.
a verdade já não sabe mais nada.
pelo menos não aquilo que eu sei.
quem me tirou o que ela queria.

transmitindo pesares e mais uma vez balançando,
confuso, o esclarecido