quarta-feira, 11 de julho de 2018

saltando do alto

eu já saltei muitas vezes e já morri muitas vezes nesses saltos.
todas as vezes achei que estava voando alto.
quando eu chego lá em cima, eu sempre acredito que sei voar.
as sensações são as mesmas: o vento na cara, o frio na barriga, as brincadeiras, as piruetas, a hora de aterrissar...
...a hora de aterrissar me mostra que não sei voar.
vou me esborrachar e vai ser foda e vai ser doído e eu vou morrer mais uma vez.
morto! tô morto de novo!!
acabo de morrer mais uma vez.
agora o tempo vai fazer o trabalho dele, me encher de sangue, unir os ossos e tal.
o tempo me curte um monte.
curte me curar, faz isso em todos os meus saltos, em todas minhas mortes.
faz isso para me ver saltar de novo.
ou para me ver cair de novo, vai saber.
tanto faz, eu curto o tempo também.
ele diz que meu sorriso é bonito pra caramba quando tô alto.
às vezes ele se estica só para me deixar mais tempo lá em cima.
com a impressão de saber voar... com um sorriso imenso...
logo eu chego lá em cima de novo.
daí verei se meu sorriso não será capaz de fazer ele se esticar tanto, mas tanto, que alcance o fim do meu tempo.

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